A
Igreja de Cristo enfrentou diversas ameaças através dos séculos. Ameaças
cristológicas nos primeiros séculos, ameaças eclesiológicas no primeiro
milênio, ameaças do liberalismo teológico na modernidade e, nesses últimos tempos
a virtualidade. O virtual já fazia parte da rotina de muitas pessoas, mas nos
últimos dois anos fomos, sem exceção, obrigados a aderir a essa modalidade,
assimilando práticas a ponto de vermos com certa naturalidade "culto
online", "comunhão virtual" e, até mesmo, "ceia
virtual" e "batismo à distância". Na realidade, a virtualidade
deixou de ser uma simples alternativa e, passou a ser uma ameaça real ao Corpo
de Cristo, pois, no conforto de seus isolamentos, os cristãos abandonaram a
comunhão e embarcaram na sua igreja virtual. No início parecia uma saída um
pouco desconfortável, mas plausível, que logo conquistou a simpatia e a adesão
dos irmãos. A virtualidade nas atividades religiosas encontrou espaço no
egoísmo do coração caído do homem, que rapidinho passou a defender tal prática
como suficiente. A princípio mexeu um pouco, pois modificou a rotina; mas,
depressa passou a ser mais atrativo, mais confortável, menos incômodo. Não
havia mais necessidade de renunciar a si para estar com os outros, não havia
mais necessidade de sair do conforto de casa, onde o EU se sente à vontade e
senhor. Eu fortalecido, comunhão enfraquecida. A atividade virtual da igreja
faz com que uma das marcas fundamentais da Igreja, como afirmado por Lucas:
"todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum..." (At
2.42), seja abandonada, a comunhão. Grande número de cristãos passou a
sentir-se confortáveis com devocionais online, cultos virtuais e, dar-se por
satisfeitos por interagir no chat, visualizar o louvor e "curtir" o
sermão. Individualidade solidificada, comunhão em erosão, e a consequência
inevitável é a iminente perda de força da Igreja no mundo. Desde os tempos mais
antigos Deus intentou reunir um povo para testemunhar sua glória ao mundo (Gn
12. 2-3; Êx 19.4-6). O povo de Deus reunido no mesmo lugar em adoração sempre
foi o poderoso testemunho do Evangelho (Sl 96; Jo 17.21; 1Pe 2.9-10), e um meio
de graça para cada cristão (1Pe 4.7- 10). O abandono da comunhão é o caminho da
ruína, do enfraquecimento do povo de Deus, é o abandono da sua missão.
A
religião virtual é uma ameaça real. Portanto, é urgente que os pastores despertem
do seu sonho de influencer digital e comecem a pregar nos seus púlpitos o
inegociável Evangelho de Jesus Cristo; que ensinem a respeito da comunhão
cristã, sua necessidade e fim - para que o mundo creia. É urgente que cada
cristão seja conscientizado da ameaça concreta que a igreja virtual é para a autenticidade
do corpo de Cristo. É urgente que aqueles que creem perseverem unânimes no
templo, tenham comunhão de casa em casa, louvem a Deus e contem com a simpatia
de todo o povo, enquanto o Senhor lhes acrescente, dia a dia, os que forem
sendo salvos.
Rev. Jaidson Araújo
_____________________________________________________________________Fonte: Igreja Presbiteriana do Recife. <https://adm.primeiraigreja.org.br//Content/imagens/arquivoscadastrados/Boletim%2003102021_z9xjhs8j.pdf> Acesso em 10/10/2021
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